10.6.06

Vamonos de manifa, Manolo....

Tenho que reconhecer que ao ver esta foto do Manolo de manifa, emocionou-me. Ver a este homem que tantas vezes ten-nos insultado e mandado malhar aos que nos manifestavamos por outros motivos com essa gorra reinvindicativa, papando sol numa manifestação, fizo-me sorrir... Penso que é uma boa cousa que até a direita mais reaccionária asuma duma vez que a mobilização popular é uma forma absolutamente legítima de reinvindicar aquelo no que cremos. Suponho que isto esquecerá-se-lhes tão aginha como volvam ao poder, e ainda boto de menos que algum deles leve umas hostias dos antidisturbios, mais que nada para que saibam que se sinte e que quando volvam ao poder o pensem duas vezes antes de mandar aos cães de presa a malhar na gente. Respeito à manifestação de hoje, por uma banda posso ter empatia com as pessoas individuais que sofriram nas suas carnes um atentado terrorista. Posso comprender que esta gente tenha uma ánsia de vingança, e que lhes sente muito mal que o governo trate de chegar a uma solução negociada com a ETA. Entendo que a uma pessoa à que lhe mataram o pai ou un filho, ou que quedara com uma lessão irreversível de por vida, não lhe podemos pedir que agora seja tolerante, e que aplauda uma solução negociada do conflito. Mas ainda assim, e deixando a um lado a falta de talha política de Zapatero para levar a cabo algo assim, estou certo de que o fim da violência em Euskal Herria, passa necessariamente por uma negociação com ETA, na que havera que fazer-lhe algumas concessões, sobretudo no referente à situação do presos e das organizações que formam parte da esqueda abertzale, e por outra banda, e isto já é algo de muito mais calado político, negociar com os partidos políticos bascos uma situação que permita que os cidadãos bascos estejam cómodos em Espanha, ou que sejam uma nação independente. Isto último não porque o pida apenas ETA, senão porque é uma reinvindicação maioritaria do povo basco que os governos espanhois tenhem-se negado a afrontar. E nesta situação, onde ficam as vítimas do terrorismo? É inevitável que vejam a negociação com maus olhos, que o percebam mesmo como uma derrota, e tenhem direito a sentir-se assim. Mas isto não pode ser um obstáculo para pôr fim à violéncia, e a obriga dos políticos é tratar de calmar os ánimos, de explicar-lhes que tudo isto se fai para que não haja mais vítimas e de reconhecé-los as vezes que seja preciso. Por isto, a atitude do Partido Popular neste tema, parece-me absolutamente ruin. En vez de ajudar a calmar os ánimos da vítimas, estão-se adicando a encirrá-las, de disparar a sua legitima dor. O PP está a utilizar às vítimas do terrorismo para tratar de ponher pedras no caminho da paz. Porque sabem que se o Zapatero consegue que ETA deixe as armas, vai ser um éxito indiscutível para o PSOE, que pode fazer que um partido que chegou a governar não por méritos proprios, senão polos enormes erros cometidos por Aznar, se consolide no governo e que fique no poder durante umas quantas legislaturas mais. E claro, tudos sabemos que neste mundo hai-che prioridades...

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu a respecto da actitude dos "populares" teño unha visión dupla: por unha banda son feliz por velos sozinhos e por non ter que esperar por eles para conquerir finalmente unha pacificación, como ese peso, esa lousa que nos leva ao fondo, coma noutras ocasións. Pola outra, as veces penso que PSOE e PP xogan ao xogo de poli bon poli malo... e nese papel unhas veces rifan, outras veces van de mártires... pero sempre para condicionar e limitar o alcance das negociacións, mesmo até facelas fracasar.

Non sei cal delas será a verdadeira, posibelmente ningunha ou ambas. Non quixera deixalos facer ao seu antollo para seren, logo do longo proceso, os primeiros en colgarse as medallas. Eu paso, xa aburren, eles e determinadas vítimas.

Asdo.

Xoan de Requeixo